Factos e mitos
Lince ibérico
Lynx Pardinus
Efeitos do lince no ecossistema
Controla as populações de mesocarnivoros

O lince ibérico tem na sua dieta principal o coelho-bravo e a perdiz, não obstante tem sido observado que várias vezes inclui também na sua predação ungulados selvagens, nomeadamente gamos.  A presença do lince ibérico num território tem um efeito de redução na abundância de mesocarnivoros (raposas, ginetas, entre outros), atuando assim como um controlo das populações destes animais.

Referências:

Fernandes,Margarida & Sarmento, Pedro & Soares, Filipa F. & Carrapato, Carlos& Neves, Nuno & Severino, Pedro & Ilardo, Barbara & Zarco,Daniel & Kleinman-Ruiz, Daniel & Godoy, José. (2023). To be or not to be a super predator: a multidisciplinary assessment of the Iberian lynx in a reintroduction social scenario. Galemys, Spanish Journal of Mammalogy. 35. 29-40.10.7325/Galemys.2023.A4.

Garrote, G., Pérez de Ayala, R., (2019).Spatial segregation between Iberian lynx and other carnivores. Animal Biodiversity and Conservation, 42.2:347–354, Doi: https://doi.org/10.32800/abc.2019.42.0347

Sarmento, Pedro& Bandeira, Victor & Gomes, Pedro & Carrapato, Carlos & Eira,Catarina & Fonseca, Carlos. (2021). Adapt or perish: how the Iberian lynx reintroduction affects fox abundance and behaviour.

Severino, Pedro (2022).O lince-ibérico como um caçador de cervídeos: ecologia trófica e impactos sociais de um grande carnívoro reintroduzido. [Master’s thesis, Universidade deAveiro]. Repositório Institucional da Universidade de Aveiro. http://hdl.handle.net/10773/36568

Van Schaik,T., van Kuijk, M. and Sterck, E.H.M. (2024), Understanding mesopredator responses to changes in apex predator populations in Europe: implications for the mesopredator release hypothesis. Mam Rev. https://doi.org/10.1111/mam.12357

Lobo ibérico
Canis Lupus Signatus
Efeitos do lobo no ecossistema
O lobo controla doenças de ungulados

O lobo é um predador de topo na cadeia alimentar, em que grande parte da sua dieta são ungulados selvagens, nomeadamente o corço, veado e javali. Através da predação destes espécies selvagens os lobos podem ajudar a controlar doenças nos ecossistemas em que estão presentes, uma vez que tem maior facilidade para predar animais doentes ou mais frágeis, reduzindo assim o risco de possíveis transmissões para o gado e para os seres humanos.  

Referências:

Barja, I. (2009). Prey and Prey-Age Preference by the Iberian Wolf Canis Lupus Signatus in a Multiple-Prey Ecosystem. Wildlife Biology, 15: 147-154. https://doi.org/10.2981/07-096

Figueiredo, A. M., Valente, A. M., Barros, T., Carvalho, J., Silva, D. A. M., Fonseca, C., Carvalho, L. M., & Torres, R. T. (2020). What does the wolf eat? Assessing the diet of the endangered Iberian wolf (Canis lupus signatus) in northeast Portugal. PloS one, 15(3), e0230433. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0230433

Projecto LIFE MED-WOLF (2016). O LOBO-IBÉRICO EM PORTUGAL - Situação no Leste da Beira Interior. LIFE MED-WOLF. https://grupolobo.pt/images/Documentos/CaoGado-Docs/Folhetos/Brochura_MED-WOLF_online.pdf

Tanner, E., White, A., Acevedo, P., Balseiro, A., Marcos, J., & Gortázar, C. (2019). Wolves contribute to disease control in a multi-host system. Scientific reports, 9(1), 7940. https://doi.org/10.1038/s41598-019-44148-9

O direito do lobo a existir

O lobo, tal como qualquer outro ser vivo, faz parte dos nossos ecossistemas e desempenha um papel importante para manter o equilíbrio natural nos habitats onde habita. À semelhança de todos os outros animais selvagens, o lobo tem o direito a coexistir nas paisagens partilhadas com os seres humanos, enquanto elemento integrante dos ecossistemas.

Declaration of Principles for Wolf Conservation

É possível uma coexistência harmoniosa com o lobo

Os seres humanos e os lobos podem coexistir no mesmo ecossistema se forem tomadas medidas de prevenção de danos ao gado, assegurar-se a compensação por perdas e se se incentivar a recuperação de habitats naturais e a abundância de presas. É importante trabalhar em conjunto com as comunidades para criar soluções que ajudem as pessoas, como por exemplo assegurar que os agricultores recebem ajuda para as suas perdas por danos. Para coexistirmos com os lobos e outros predadores, é então necessário combinar ferramentas de conservação com medidas de apoio às populações locais.

Medidas de prevenção são eficazes

Dentro das várias medidas de prevenção existentes (zootécnicas, não-letais, letais), o uso de cães de proteção de gado (zootécnicas) e vedações (não-letais) estão entre as mais eficazes e com melhores efeitos na redução de danos e prejuízos.

O cão de gado é considerado um dos métodos mais eficazes para proteger o rebanho de ataques de grandes carnívoros e também de ataques de cães errantes. Podem proteger qualquer tipo de gado incluindo ovelhas, cabras, vacas, porcos, cavalos, burros e aves de capoeira. A sua presença faz com que os animais se sintam protegidos e capazes de expressar um comportamento normal, reduzindo assim as perdas reprodutivas. Verificou-se que as ovelhas se movimentam mais e utilizam melhor o pasto com cães de gado do que sem eles. Os ataques ao gado desencadeiam a resposta de stress dos animais, levando à inibição da reprodução, menor fertilidade e um maior número de abortos.  
Referências:

Eklund, A., López‐Bao, J.V., Tourani, M., Chapron, G., & Frank, J. (2017). Limited evidence on the effectiveness of interventions to reduce livestock predation by large carnivores. Scientific Reports, 7.

Iliopoulos, Y., Sgardelis, S.P., Koutis, V., & Savaris, D. (2009). Wolf depredation on livestock in central Greece. Mammal Research, 54, 11-22.

Lorand, C., Robert, A., Gastineau, A., Mihoub, J., & Bessa-Gomes, C. (2022). Effectiveness of interventions for managing human-large carnivore conflicts worldwide: Scare them off, don't remove them. The Science of the total environment, 156195.

Oliveira, T., Treves, A., López‐Bao, J.V., & Krofel, M. (2021). The contribution of the European LIFE program to mitigate damages caused by large carnivores in Europe. bioRxiv.

Rust, N.A., Whitehouse-Tedd, K.M. and MacMillan, D.C. (2013), Perceived efficacy of livestock-guarding dogs in South Africa: Implications for cheetah conservation. Wildl. Soc. Bull., 37: 690-697. https://doi.org/10.1002/wsb.352

Mitos e crenças
Crença: O lobo é perigoso para as pessoas

Facto: O lobo evita o contacto com as pessoas, pois há séculos que é uma espécie perseguida. Não existem registos de ataques de lobo em Portugal e o último ataque na Europa foi há mais de 40 anos. Os únicos registos são do século XX, e referem-se a lobos com raiva, uma doença entretanto erradicada do nosso país. Todos os animais, selvagens e domésticos, são perigosos quando se sentem atacados ou perseguidos, e o lobo não é exceção.

Crença: O lobo mata por prazer, não mata para comer

Facto: O lobo evoluiu para caçar presas ágeis e/ou com grandes cornos, que fugiam e/ou enfrentavam as alcateias, tendo estratégias de defesa muito desenvolvidas. Exemplos destas presas são os extintos auroques, os javalis, os veados, etc. No entanto, este não é o comportamento do gado, salvo exceções das raças autóctones ancestrais, como a vaca maronesa. Os pequenos ruminantes, e particularmente as ovelhas, carecem de estratégias defensivas e isso faz com que, para o lobo, quando ataca, seja mais fácil matar mais do que um animal. Não o faz “por prazer”, mas antes numa perspetiva de guardar os animais mortos para momentos de escassez. Num ecossistema natural, os cadáveres que não são consumidos imediatamente pelo lobo são alimento para outros animais como abutres ou ursos.

Crença: Se há mais lobos há mais ataques

Facto: Estudos na Península Ibérica e na Europa, em paisagens rurais, mostram que alcateias maiores e estáveis conseguem caçar presas de maior tamanho. Poucos lobos ou lobos inexperientes têm mais propensão a caçar gado por ser mais fácil. Em países onde é permitido caçar lobo têm-se aliás registado aumentos nos ataques ao gado depois de controlar as populações. Isto acontece porque as alcateias são famílias compostas por progenitores e descendência e a falta dos progenitores, que têm o conhecimento e a experiência de caça, faz com que a descendência se disperse e alimente daquilo que é mais fácil de caçar, o gado neste caso.

Crença: Estes lobos não são como os de antigamente, são largados

Facto: O mito de que existem libertações de lobos está muito estendido, criando desconfiança e animosidade. Nunca foram introduzidos lobos na Península Ibérica nem na Europa, e não existe nenhum plano para o fazer. A libertação de animais selvagens está sujeita a autorização prévia das autoridades dos países e deve ter um marco legal. Nem o Plano de Ação para a Conservação do Lobo em Portugal nem os planos de conservação da Extremadura contemplam essas medidas.

A crença de que os lobos são introduzidos explica-se porque estão a regressar a muitos lugares de onde tinham desaparecido há décadas, e as populações olham com desconfiança e questionam-se como é que isso pode estar a acontecer. A razão é que os lobos jovens, quando atingem os 2 anos de idade, saem da sua alcateia de origem para procurar um território. Nessa busca, percorrem dezenas de quilómetros por dia podendo ficar temporariamente em diversos locais antes de se assentarem numa área e formar uma alcateia. Por exemplo, existem lobos de Itália que estão a chegar à Catalunha através dos Pireneus, assim como lobos de Gredos que entram em Extremadura e os lobos de Viseu que chegam até os distritos da Guarda e Castelo Branco.

Crença: O lobo não mata javalis ou onde há javali não há lobo

Facto: O javali é a principal presa do lobo na Península Ibérica, juntamente com o corço e o veado. As alcateias caçam frequentemente javalis e controlam a sua abundância, e também reduzem o risco de dispersão de doenças como a tuberculose.

Referências e mais informações

Figueiredo, A. M., Valente, A. M., Barros, T., Carvalho, J., Silva, D. A. M., Fonseca, C., Carvalho, L. M., & Torres, R. T. (2020). What does the wolf eat? Assessing the diet of the endangered Iberian wolf (Canis lupus signatus) in northeast Portugal. PloS one, 15(3), e0230433. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0230433

Tanner, E., White, A., Acevedo, P., Balseiro, A., Marcos, J., & Gortázar, C. (2019). Wolves contribute to disease control in a multi-host system. Scientific reports, 9(1), 7940. https://doi.org/10.1038/s41598-019-44148-9

https://www.loboiberico.pt/o-lobo/mitos-e-crencas-explicados/

https://www.grupolobo.pt/images/Documentos/Folheto_LOBO.pdf

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