O lince ibérico esteve outrora presente em todas as zonas mediterrânicas da Península Ibérica e do sudeste de França, mas após a década de 1950 a população diminuiu acentuadamente com a contração da sua área de distribuição, ficando limitada a dez populações isoladas. Na década de 1980, restavam menos de 50 linces em Portugal, em quatro núcleos (três dos quais ligados a subpopulações espanholas), que ocupavam uma área de 2.400 km2. A perseguição humana e a escassez da sua principal presa selvagem, o coelho-bravo, em conjunto com a destruição do habitat, conduziram a espécie a uma situação próxima da extinção.
No início do século XXI, já não se encontravam indícios da presença de linces em Portugal, restando apenas cerca de 60 indivíduos adultos em estado selvagem em duas subpopulações isoladas, no sul de Espanha: no Parque Nacional de Doñana e nas montanhas orientais da Serra Morena. Porém, nessa mesma altura foram implementadas várias iniciativas de conservação focadas em estudos de viabilidade, melhorar de habitat natural do lince e fomento das populações de coelho-bravo.
Desde então, tem-se registado um aumento exponencial da população, em termos de tamanho e área de distribuição. Segundo os resultados o Censo Ibérico de 2023, realizado em Portugal e Espanha, foram identificados 14 núcleos populacionais, com presença estável e reprodução confirmada: um localizado em Portugal (Vale do Guadiana) e 13 em três regiões autónomas de Espanha - 4 na Andaluzia, 3 em Castela-La-Mancha e 6 na Extremadura. A área ocupada pela espécie em ambos os países é de cerca de 4000 km2.
Referências:
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O lobo ibérico está atualmente presente sobretudo no Noroeste e Centro da Península Ibérica, havendo alguma expansão para sul e leste. Habita atualmente sobretudo em zonas montanhosas ou mais remotas.Dentro da subpopulação ibérica existem dois grupos distintos. O maior situa-se a norte do rio Douro, tanto em Espanha como em Portugal, e o menor a sul do rio Douro. Nesta última zona, existe em Portugal um pequeno grupo subpopulacional com menos de 50 lobos, que tem um intercâmbio limitado de animais com os grupos em Portugal a norte do Douro e a leste do grupo espanhol a sul do Douro.
Na área do projeto, a presença da espécie tem sido irregular, registando-se o estabelecimento e o desaparecimento de alcateias. De 2012 a 2016 estabeleceu-se uma alcateia junto à fronteira com Espanha, nos concelhos de Almeida e Pinhel, mas apesar da presença de lobo continuar a ser registada no antigo território da alcateia, os últimos esforços de monitorização realizados em 2019, 2020 e 2021 no âmbito do Censo Nacional e do projeto LIFE WolFlux não confirmaram a presença da alcateia. A presença de lobos é instável em toda a zona fronteiriça a sul do Douro, incluindo em áreas classificadas, como a Zona de Proteção Especial da Malcata.
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